Como se tudo que eu estivesse passando não fosse difícil o suficiente, chegar com ele em casa sem avisar, também não foi a parte mais fácil. Já era noite e minha mãe que nem sabia da história, começou a berrar para que eu levasse o cachorro embora, e que só o tinha trazido para morrer ali. Era muito difícil não ter o apoio de ninguém, e o Rafael mesmo vendo todo aquele transtorno, dizia que para a casa dele não poderia levar. 😦
Ajeitei o Milagre em um quartinho na minha casa, e fui falar com minha mãe que estava irredutível, expliquei a ela que não tinha para onde o levar, que não poderia colocá-lo na rua, que estava “doente”, e que onde o coloquei ele não iria nem sair do lugar pois tinha acabado de passar por uma cirurgia. Ela não queria saber, disse que eu não a respeitava, que a casa era dela, e que eu tinha que pedir primeiro para trazê-lo. Era tanta tribulação, que eu só queria um buraco bem fundo para me enfiar e esquecer de tudo que estava acontecendo.
Eu estava com um cachorro que não podia andar, que de alguma forma eu teria que comprar seus remédios “para ontem”, meu “amigo” que tinha me colocado nessa, já que foi ele que havia me chamado até o local e presenciado o atropelamento, estava “tirando o corpo fora”, e minha mãe estava negando um teto para um animal tão indefeso.
Quando fui acompanhar o Rafael até o portão quando estava indo embora, ele disse: “Tá vendo Carol? Não vai dar pra ficar com esse cachorro assim. Desculpa, eu sei que tinha dito que ficaria com ele, mas do jeito que ele está, como ficará lá em casa? Eu saio pra trabalhar de madrugada e só volto a noite, você sabe! E minha mãe é pior que a sua nessa parte. Então faz isso que eu falei: vai amanhã no Enilson e pede para ele vir dar uma injeção para sacrificar o cachorro. Ele não vai sofrer mais e pronto. Acabou.”
Ele falando parecia tudo muito simples, mas eu não conseguia aceitar esse caminho. Fui dormir aos prantos, pois não sabia mesmo o que fazer. Tive uma péssima noite de sono, pois além de ter um sonho estranho, acordei diversas vezes para ir vê-lo que gemia de dor.
Muito legal.
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