Publicado em Crônicas

Cadê aquele que estava aqui?

Esses dias estava andando pela rua, e me deparei com um aviso de desaparecimento de um gato branco, chamado Moby. Fiquei alguns segundos olhando para a sua foto, pensando em como os seus donos deveriam estar sofrendo com a sua ausência.

Quem aí já perdeu um animal de estimação?

Eu mesma já perdi diversas vezes (infelizmente, os deixei livres demais), e somente uma única vez, por um milagre dos céus, consegui achá-lo meses depois, sem qualquer tipo de ajuda. Aliás, esses avisos que colocam em postes, pontos de ônibus ou em murais de pet shop conseguem mesmo achar alguém? Nunca conheci uma pessoa que tivesse conseguido resgatar seu bichinho através desses pedidos de ajuda. Ao meu ver, depois que eles caem no mundo, dificilmente conseguimos trazê-los de volta.

Assim como o término de um relacionamento

Já presenciei muitas idas e vindas de vários casais, mas há quem diga que uma vez separado, nunca mais a relação será a mesma. Da mesma forma que quando você perde seu animalzinho, mesmo o encontrando depois, aquele tempo que viveram longe, nunca mais será recuperado. Você não saberá por onde ele andou, se por acaso se alimentou bem, e o mais importante: se ele encontrou um (a) novo (a) “dono” (a) durante esse tempo longe. E essas preocupações são válidas para ambas as situações. Ou vai me dizer que você nunca teve essa curiosidade quando seu namorado (a) ficou longe por um tempo?

Eu já passei por esse dilema de terminar e retomar um namoro, e digo com propriedade de causa, que não adianta voltar. Se da primeira vez já não deu certo, não pense que nas segundas, terceiras ou quartas vezes será diferente. Há erros que não adiantam serem persistidos.

Infelizmente isso se aplicou a mim, até quando consegui recuperar o meu cachorro (o tal do milagre dos céus que consegui reencontrar meses depois). Ele estava deitado no chão de uma calçada (em frente à escola em que eu estudava na época) totalmente abandonado e frágil. Quando o vi, senti um misto de felicidade e tristeza. Felicidade por finalmente encontrá-lo (já tinha até perdido as esperanças) e tristeza por constatar que durante aquele tempo longe, ele havia vivido mal, permanecendo na solidão das ruas.

Ele estava dormindo quando o vi. Me aproximei com o coração a mil, e o chamei: “Dog????” (pois é, o nome dele era esse rs), e como se estivesse ouvindo um chamado bem distante, ele levantou a cabeça lentamente, até que quando seus olhinhos me reconheceram, começou a abanar o rabinho todo feliz, se levantando sem jeito. Sabe quando há muito tempo você não vê uma pessoa, e de repente a encontra pela rua, e se cumprimentam surpreendidos pelo reencontro? Assim foi eu com o meu cachorro.

Quando digo que nem nessa situação não tive bons frutos após uma nova tentativa juntos, me refiro ao fato de que ele não viveu muito tempo depois disso. Após uns dias, descobri que ele estava doente (deve ter pegado muita chuva na rua), com uma forte pneumonia.

Claro que foi maravilhoso estar do seu lado até a sua morte, evitando que morresse sem receber nenhum tipo de cuidado e principalmente nenhum amor, como quando estava na rua. Mas fazendo uma análise geral, minha alegria novamente virou tristeza quando o perdi, e dessa vez foi definitivo. 💔

Agora imagine uma situação similar a minha – de reencontrar o cachorro – trocando o animal pelo seu parceiro (a) após um tempo separados. Quando isso acontece, sentimos o coração bater mais forte, achamos que tudo irá voltar ao normal, mas depois descobrimos que se trata de um caso perdido, e que aquela pessoa já não está mais na mesma sintonia. Talvez você que esteja lendo, seja uma exceção, mas tenho certeza que isso se aplica a pelo menos 80% da população.

A perda chega sem avisar. Às vezes você tem indícios de que está perdendo o outro (em relacionamentos), e as vezes não; de repente ele (a) já não está mais ali (também com animais de estimação). A perda faz você refletir sobre suas atitudes, sobre os bons momentos que tiveram (nunca pensamos nos maus, assim como as fotografias que só retratam os momentos de felicidade), mas o principal de tudo: perder alguém faz você amadurecer.

Autor:

Atriz, jornalista e escritora, apaixonada por música, livros, teatro, filmes e séries. O espírito Jovem me domina & adoro uma Diversão!

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s