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Milagre – Parte 8 “Medicações”

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6° Dia

Minha mãe, ao me ver saindo para trabalhar, perguntou se eu não levaria o cachorro embora. Menti que sim quando voltasse, pois estava atrasada. Escaneei a lista dos remédios para o e-mail da Natália. Durante o almoço, liguei para a minha vizinha pedindo que fosse dar uma olhada no Milagre, e fui surpreendida pela notícia de que minha mãe estava em casa cuidando dele! Meu coração se encheu de alívio por saber que tinha se acalmado e se sensibilizado com o pobrezinho! Liguei diretamente para ela que disse não ter ido trabalhar, pois ele morreria de calor naquele quartinho, e disse que tinha até dado água na seringa!

Como eu e a Natália fazíamos turnos diferentes, ela pôde providenciar os remédios de manhã, para que eu pudesse buscá-los a tarde, e naquele mesmo dia depois do serviço, fui até sua casa, pois seu amigo que conseguiria os remédios, deixaria com sua mãe. Assim como eu, Nat também mora em Guarulhos, mas o ônibus que ia para sua casa dava a volta ao mundo, tamanha demora para chegar! E apesar da nossa amizade, nunca tive a oportunidade de ir em sua casa e nem conhecia sua família, mas devido as circunstâncias tudo aconteceu ao mesmo tempo, e sua mãe, dona Laura, foi muito generosa e simpática, onde até me deu uma cartela de seus remédios para o estômago, que constava na receita e não tinham conseguido. Cheguei em casa já de noite, o pobre Milagre estava há mais de 12 horas atrasado nas medicações, tanto que quando fui medicá-lo estava mais arisco, acredito que pela dor que devia estar sentindo.

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Milagre – Parte 7 “A Luz”

Naquela mesma noite, antes de adormecer, comecei a conversar com uma amiga do trabalho pelo whats, a Natália, que até então eu não sabia que também era apaixonada por animais, especialmente cães. 

Ela ficou tão triste e tocada quanto eu pela história do Milagre. Comecei a relatar para ela como desabafo, pois depois que o Rafael desistiu de prosseguir, fiquei querendo dividir minhas angústias com outra pessoa, e não esperava que ela fosse tão receptiva e compreensiva! E isso acabou nos aproximando ainda mais!

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Como uma luz no fim do túnel, ela disse que conhecia um amigo que trabalhava em posto de saúde, e que poderia ver com ele, se conseguiria os remédios para o Milagre (99% dos remédios que ele precisaria tomar eram remédios de “gente”), já que eu estava no meu limite financeiro e fim de mês é difícil para todo mundo.

Ela também me falou de um Hospital Público Veterinário para Cães e Gatos  que existia! Mais um raio de luz foi entrando pelo meu túnel escuro. No mesmo instante joguei na internet e comecei a ler a respeito, sim! Existia! Já me enchi de esperança imaginando eles fazendo essa outra cirurgia de que ele tanto precisava!

Se por um lado uma porta se fechou e perdi o apoio do Rafael, Deus me abriu três janelas! Sendo a Natália que além de me conseguir quase todos os remédios, me falou desse Hospital Veterinário, a Renata que também trabalha comigo, que comprou um dos remédios que não tinha no posto sem nem ao menos querer a devolução do dinheiro gasto, e a Francine que também trabalhou comigo em 2011 e que se prontificou a me ajudar com um dos remédios veterinários apenas pelo que postei no face contando do Milagre.

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Aleatoriamente eu postava no face sobre o Milagre, com a esperança de que a internet me ajudasse a chegar ao seu dono(a) mas isso nunca aconteceu.

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Milagre – Parte 6 “Voltando Para Casa”

Como se tudo que eu estivesse passando não fosse difícil o suficiente, chegar com ele em casa sem avisar, também não foi a parte mais fácil. Já era noite e minha mãe que nem sabia da história, começou a berrar para que eu levasse o cachorro embora, e que só o tinha trazido para morrer ali. Era muito difícil não ter o apoio de ninguém, e o Rafael mesmo vendo todo aquele transtorno, dizia que para a casa dele não poderia levar. 😦

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Ajeitei o Milagre em um quartinho na minha casa, e fui falar com minha mãe que estava irredutível, expliquei a ela que não tinha para onde o levar, que não poderia colocá-lo na rua, que estava “doente”, e que onde o coloquei ele não iria nem sair do lugar pois tinha acabado de passar por uma cirurgia. Ela não queria saber, disse que eu não a respeitava, que a casa era dela, e que eu tinha que pedir primeiro para trazê-lo. Era tanta tribulação, que eu só queria um buraco bem fundo para me enfiar e esquecer de tudo que estava acontecendo.

Eu estava com um cachorro que não podia andar, que de alguma forma eu teria que comprar seus remédios “para ontem”, meu “amigo” que tinha me colocado nessa, já que foi ele que havia me chamado até o local e presenciado o atropelamento, estava “tirando o corpo fora”, e minha mãe estava negando um teto para um animal tão indefeso. 

Quando fui acompanhar o Rafael até o portão quando estava indo embora, ele disse: “Tá vendo Carol? Não vai dar pra ficar com esse cachorro assim. Desculpa, eu sei que tinha dito que ficaria com ele, mas do jeito que ele está, como ficará lá em casa? Eu saio pra trabalhar de madrugada e só volto a noite, você sabe! E minha mãe é pior que a sua nessa parte. Então faz isso que eu falei: vai amanhã no Enilson e pede para ele vir dar uma injeção para sacrificar o cachorro. Ele não vai sofrer mais e pronto. Acabou.”

Ele falando parecia tudo muito simples, mas eu não conseguia aceitar esse caminho. Fui dormir aos prantos, pois não sabia mesmo o que fazer. Tive uma péssima noite de sono, pois além de ter um sonho estranho, acordei diversas vezes para ir vê-lo que gemia de dor.

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O Milagre – Parte 1 “Como Tudo Começou”

Alguma vez, já contei para vocês de um cachorro chamado Milagre? Dei esse nome a ele devido as circunstâncias. Como a história é longa, cada dia postarei um pouco.

1° Dia

Aquela tarde era para ser como qualquer outra tarde de sábado para mim. Estava me aprontando para ir fazer as unhas, aguardando meu amigo, que também ía ao salão para cortar o cabelo, passar em minha casa. Até que meu celular tocou. Era esse meu amigo, e dizia desesperado na ligação, quase chorando, que tinha acabado de ver um cachorro sendo atropelado! E pediu para que eu fosse até o local, pois não poderia deixar o cachorro naquela situação, precisava ajudar. Imediatamente, aflita pelo desespero em sua voz e pelo seu relato, saí correndo de casa para a avenida em que ele estava, próximo a minha casa.

Chegando lá… Nunca vi uma cena mais agoniante em toda minha vida! Tinham levado o cachorro para a calçada, e o cobriram com uma camiseta velha. Cheguei perto para olhar melhor e quase não tive forças quando vi a situação em que aquele bichinho se encontrava… Estava com uma fratura exposta na pata direita da frente, com o osso quebrado ao meio, e o restante da pata pendurada por um fio de pele, as demais partes do corpinho dele pareciam estar normais, mas ele estava em um estado de choque, parado e não chorava, ficava com um olhar perdido e as vezes lhe dava uns piripaques, onde queria se mexer, ameaçando morder quem o impedisse. Quando o vi me deu vontade de chorar! 😥 Como alguém poderia ter um coração tão ruim, de não desacelerar vendo-o na rua? O carro que o havia atropelado, segundo testemunhas, era de porte grande, e passou em alta velocidade!

Eu e meu amigo, não sabíamos o que fazer. Tinham algumas pessoas em volta, mas estava claro que não fariam nada, por falta de recursos, falta de tempo, estavam ali sendo solidários mas ninguém se prontificou a levá-lo ao veterinário. Tentamos ligar na Zoonose, e até mesmo em alguns pet shops da região, que possuíam clínica veterinária, explicando o que havia acontecido e perguntando se poderiam ajudar, afinal também não tínhamos recursos, mas não podíamos deixá-lo ali a “Deus-dará”. Mas obviamente nenhum pet shop se sensibilizou.

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