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Milagre – Parte 12 “Ainda No Hospital”

hospital-veterinario

Na segunda etapa passamos com outro veterinário que me pareceu meio fechado. Ele pegou um acessório que parecia alicate e começou a apertar na cauda e “dedo” da pata traseira do Milagre, ele apertava tão fortemente que eu já estava sentindo a dor pelo cachorro. Mas após 2 segundos apertando que o Milagre demonstrou sentir alguma dor, apesar da demora para ele se manifestar achei que aquilo seria bom, e disse a ele “Isso é bom né? Ele ainda está sentindo?!” ele me respondeu sem esperanças que na verdade não, porque da forma como estava “quase arrancando” o dedo, já devia estar querendo morder ele! 😦

Depois disso voltei para a sala de espera. A próxima etapa seria um novo Raio X. Eu já tinha levado o da clínica particular, mas eles queriam um mais atual (como se estivesse diferente). Demorou muito mais tempo para ser chamada. Me envolvi em algumas conversas superficiais com as outras senhoras, mas nada que me fizesse pedir o contato delas quando iam embora.

Após sair o resultado da radiografia, me disseram que na atual situação, não tinham como fazer outra cirurgia, pois já havia perdido os sentidos das patas. (Só aí entendi porque a veterinária da clinica disse que tinha que ser o quanto antes). Disseram que talvez depois que ele se recuperasse da cirurgia já feita, pudesse voltar a sentir as patas traseiras. Talvez. Tudo era talvez.

Voltei para a sala de espera pois ele passaria por uma quinta etapa, onde iriam refazer seu ponto. Ele tinha arrancado uma pequena parte com a boca, pois eu não coloquei o colar nele. Sabia que tinha que colocar, mas me sentia mal, pois ele já não conseguia se mexer, ficar com aquilo na cabeça seria muito depressivo. Sendo assim aguardei mais um tempão para que fosse chamado na sala de cirurgia. Essa foto em destaque no início de todos os posts foi desse dia, depois que terminaram, que tirei pouco antes de irmos embora, umas cinco da tarde.

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Milagre – Parte 5 “Pior Notícia”

 5° Dia

Pedi ao Rafael que me encontrasse na clínica, afinal estávamos juntos nessa. Quando a veterinária nos chamou na sala para mostrar o Raio X do Milagre, conforme ela ia explicando eu comecei a chorar ali mesmo… aquele cachorro estava condenado! Abaixo segue a foto do Histórico dele, de quando demos entrada na Clínica:

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Como não entendo termos técnicos, pincelarei o que dizia no exame de Raio X:

– Fratura múltipla do acetábulo direito;

– Fratura em asas do sacro, com deslocamento cranial das articulações;

– Fratura completa em tuberosidade isquiática direita e ramo cranial do púbis esquerdo;

-Fratura segmentar em ísquio esquerdo;

– Fratura completa em porção caudal do sacro, com desvio do eixo ósseo e comprometimento do canal medular;

– Luxação;

– Fratura em processo articular caudal de L7;

– Esclerose do acetábulo esquerdo;

– Alteração morfológica do colo femoral esquerdo;

– Presença de sonda uretral.

Resumindo o que entendi: ele estava com a lombar destruída, coxal todo arrebentado, e da forma como estava,  não conseguiria nem defecar sozinho! E em meio a tantas notícias ruins, disse que seria preciso fazer outra cirurgia o quanto antes, onde teríamos que desembolsar mais uns R$1.700 mais ou menos…! Meu Deus porque tudo tinha que ser tão difícil??! Porquê eles não tiveram a eficácia de ver isso antes?! Porquê falavam tudo por etapa?!

O Rafael se manteve contido durante toda a explicação do resultado do Raio X, e quando a veterinária nos deixou a sós para pensarmos o que faríamos, ele me disse que a partir daquele momento estava “tirando o seu time de campo”, pois já havia gastado tudo que podia com o cachorro e que achava melhor que o sacrificássemos.

Eu não sabia o que fazer da minha vida (ou melhor da vida do Milagre) pois ao mesmo tempo que não tinha mais condições de arcar com tudo aquilo, não queria que depois de tudo que fizemos, tivéssemos que sacrificar afinal! Eu estava em frangalhos. Não podia mais contar com o Rafael, e naquele dia eu teria que levar o Milagre de lá. A veterinária pediu que retornasse com ele no dia seguinte para que fizesse a avaliação da outra cirurgia, e não poderia deixá-lo direto senão cobrariam mais um dia de internação. Me passou uma vasta lista de remédios que eu teria que providenciar para o dia seguinte as oito da manhã, e devo dizer que nunca vi tanto remédio na minha vida!!

Era a primeira vez que o via depois do acidente e confesso que foi muito estranho vê-lo sem a pata! Eu sabia que seria removida, mas imaginei que ficaria algum “cotoco” já que ela tinha sido fraturada ao meio, e o que vi foi como se aquela pata nunca tivesse existido!! Tiraram-na por inteiro!! Foi muito estranho vê-lo daquela forma, não era uma visão muito bonita de se ver. A veterinária o entregou para mim e o peguei com o maior cuidado possível.

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Como o Rafael “lavou as mãos” a partir daquele momento, acabei tendo que levar o Milagre para minha casa (sendo que no plano inicial ficaria com Rafael). O percurso de volta foi difícil, pois ele gemia alto de dor nas lombadas e quando desci do carro tinha urinado na minha blusa. Uma coisa eu nunca irei esquecer nesse dia: quando estávamos ainda no carro a caminho da minha casa, o Rafael disse com pesar: “ele já te olha como se fosse a dona dele”.