
Para começar, contarei do show do Fall Out Boy, que fui no Credicard Hall em Maio desse ano, dia 21!
Nos 45 minutos do segundo tempo decidi que iria. Poxa vida, há mais de um mês que sabia desse show, e só deixei para decidir na última hora?! Eram quase 20:00 e eu ainda estava em casa. Me lamentando pois devido ao trânsito demorei para chegar do serviço, e minha mãe não queria que eu fosse, segundo suas palavras: “São Paulo está um caos por causa dessas greves, não é tempo de ir em show, até passar a copa temos que ficar em casa, liga a TV e põe no Cidade Alerta, estão quebrando tudo com essas manifestações!” Mãe é foda! Não importa a idade que você tenha, sempre te achará um bebê que não sabe se cuidar. Então para não preocupá-la mais, que estava quase chorando para que eu não fosse, pensei seriamente em desistir e deixar para lá. Mas ao mesmo tempo, fiquei dividida entre a vontade de ir, a corrida contra o tempo, e a neuras da minha pobre mãe. Quando meu tio que estava em nossa casa, estava indo embora, vi nele a oportunidade de tentar ir! Afinal se ele me levasse eu chegaria a tempo e em segurança! Quando o pedi que me levasse até o Credicard ele recusou, pois não sabia o caminho até Santo Amaro, e eu nem pude argumentar pois também não saberia guiá-lo. Então pedi que me levasse até a Armênia, pois já seria meio caminho andado! Quando consegui acalmar minha mãe que parecia estar prevendo que algo de ruim fosse me acontecer, corri para me trocar, coloquei um jeans, tênis e peguei uma blusa de frio. Lembro que antes de eu sair, ela disse “Porquê a vida é assim? A alegria de uns é a tristeza de outros”, me entristeci ao ouvir isso, mas não poderia ficar, para depois me remoer pensando em quão incrível o show teria sido!
“Porque o mundo é só uma caixa
E estamos usando máscaras negras
Então agite nossos espíritos”
(The Phoenix)
No caminho passamos por um caixa eletrônico e saquei o dinheiro. Eram quase 20:30 quando estávamos na Marginal, e eu preocupada se não acabaria morrendo na praia, pensei “não vai dar tempo, até chegar na Armênia, ir até a Luz, depois até Pinheiros, e depois o trem até Santo Amaro, dará mais de uma hora, com certeza!” E ainda tinha a questão do ingresso que eu não tinha, mas para quê servem os cambistas?
Comecei a tentar achar uma solução, “somente indo de carro para chegar a tempo”, olhei para o meu tio enquanto dirigia, não adiantaria tentar convencê- lo a me levar, eu também não sabia o caminho, e nem poderia usar o GPS do celular, que já estava quase morrendo com 2% de bateria. Enquanto isso, como um sinal dos céus, um táxi trocou de faixa a nossa frente! ” Bingo! Um táxi! Eu preciso de um táxi! ” imediatamente comecei a fazer uns cálculos mentais, eu tinha R$130, se gastasse R$50 com o táxi, me sobraria somente R$80 para tentar negociar com o cambista, era pouco, mas foi o mais sensato a fazer, já que não chegaria a tempo de outra forma. Pedi ao meu tio que me deixasse na rodoviária Tietê mesmo. E assim que encontrei um táxi, perguntei quanto custava uma corrida até o Credicard, ele pensou um pouco, fez algumas considerações referente a aquele horário já ser bandeira dois, e então disse “uns 110, 130…” nesse momento vi meu plano desmoronar, ele vendo minha reação perguntou quanto eu tinha, e quando disse 50, ele concordou que não daria. Comecei a especular com ele outra forma de chegar a tempo, e ele disse que os ônibus estavam todos parados devido as greves, eu o lembrei do trem, e ele disse que ainda sim levaria mais de uma hora, enquanto nos falávamos, de repente por um milagre divino, ele disse “você só tem 50? Eu te levo lá, entra aí” Deus existe e me ama! Ele não precisou falar duas vezes! Entrei agradecendo mil vezes!
“A guerra está ganha
Antes de ter começado
Solte as pombas
Renda-se, amor”
(The Phoenix)
Ele disse que iríamos pela Marginal, pois mesmo que fosse mais longe (uns bons kilômetros a mais, que não me recordo a quantidade exata agora) seria mais rápido pois pela cidade pegaríamos uns 50 faróis, ele era bem preciso com as distâncias. O nome dele era espanhol, só lembro que começava com “A” e terminava com “Aldo”, tinha idade para ser meu avô, conversamos bastante durante os 30 minutos da corrida, fui o mais simpática que pude, era o mínimo que podia fazer. Ele contou que era aposentado do tribunal da justiça, e sempre fez bicos como taxista. Tem dois filhos, um de 43 anos que é médico e uma de 36 que é dentista, uma neta de 16 anos e um de 8. Me contou de um lugar em Gramado chamado Bento Gonçalvez que possui vinhos maravilhosos e que são vendidos bem mais baratos lá do que aqui. Foi uma corrida agradável, exceto pela minha ansiedade ao ver os minutos passando e pensando se chegaria a tempo de encontrar um cambista.
” Hoje a noite as raposas caçarão os cães
Está tudo acabado agora
Antes de ter começado
Nós já vencemos”
(Young Volcanoes)
Quando chegamos no Credicard, era pouco mais de 21:00, enquanto eu o pagava, um cara do outro lado da rua, que já tinha me avistado de dentro do carro começou a me gritar: “Ingresso?? Ingresso??” Me senti na 25 de Março, quase gritei de volta “Isso!! ingresso!! Eu quero!!” Saltei do carro e fui até o cambista que havia me gritado, pedi pista premium como um morto de sede no deserto, ele se ausentou brevemente e logo apareceu com o ingresso na mão me mostrando, quando o vi ali tão perto de mim, deu vontade de pegar e sair correndo! Perguntei quanto custava e ele disse “250”, imaginei que fosse caro, dei um sorriso sem graça e disse que não dava, ele perguntou quanto eu tinha, e deu pra ver seu desânimo quando ouviu meu mísero “80” perguntei a ele o que tinha por esse valor, já pensando na pista normal, não se pode ter tudo na vida, e mesmo não sendo a premium, para mim estava ótimo! O importante era participar do show! Ele pediu que eu esperasse onde estava e o vi indo falar com outro cambista, vi o rapaz mexer a cabeca em negativa e dizer “nada”, nesse momento senti um pânico, pensei “só falta eu ter vindo até aqui e ficar sem ingresso”, enquanto o vi indo falar com outro, torci “sim, sim, sim” até que minhas preces foram ouvidas e ele sacou o ingresso do bolso! O cambista veio até mim e disse “Aqui está, 80 reais, bom divertimento!” seu tom de voz foi prestativo, mas pensei se não estaria ressentido, pois como foi outro cambista que arrumou o ingresso, provavelmente ele não lucraria em nada! Mas como eu não poderia fazer nada a respeito, somente agradeci, e ele em resposta me desejou “bom divertimento” repetidamente, foi bem estranho rs.
“Ei, sangue jovem
Não parece que o nosso tempo está se esgotando?”
(The Phoenix)
Saí correndo pelo estacionamento toda feliz! Ainda faltavam 15 min, mas na minha cabeça era como se demorasse mais, perderia a entrada deles! Quando estava chegando perto da entrada dei uma olhada no ingresso, afim de checar uma coisa, e lá estava: “meia entrada” puts, só faltava o segurança pedir a carteirinha de estudante! No show da Avril não pediram, mas a fila estava enorme, e hoje eu estava entrando bem depois, o segurança teria tempo para conferir essas coisas, se quisesse. Passei pela mulher que revistava e fui até o segurança com a maior cara de despreocupada possível, ele se demorou olhando o ingresso e depois para mim, sentindo que me olhava, olhei para dentro com cara de “estou matando aula para vir nesse show” e enquanto pensava no teatro que faria se ele pedisse a carteirinha, o olhei de volta, que já estava destacando e me devolvendo. “Entrei!!”
“Estou na cobertura agora
Sou o próximo
Hoje noite estou mais alto que um jato privado”
(Alone Together)
Feliz por ter dado tudo certo, antes que meu celular morresse de vez, fiz duas breves ligações, uma para meu amigo Rafael que não acreditou que eu tinha chegado a tempo, e para minha mãe, para tranquilizá-la que tinha chegado bem. E então fui para a pista. Faltavam 5 minutos. Diferente do show da Avril que dava para ver o palco e os instrumentos, esse estava com a cortina abaixada, de cor azul claro. Olhei em volta, estava cheio, com todos conversando entre si. Eu estava sozinha mas pouco me importava! O importante era estar lá!
Quando era 21:35 começou!! Ao som de “The Phoenix” – ótima música para a abertura inclusive – as cortinas foram subindo! Ahh que emoção! Os primeiros minutos são os mais emocionantes! Geral pulando e cantando junto o refrão “Hey young blood! Doesn’t it feel…“ foi IN-CRI-VEL! Eles estavam com um pano preto cobrindo os rostos, o que a princípio não gostei, pois queria vê-los, mas a partir da segunda música, tiraram.

As duas músicas que se seguiram eu não conhecia, devem ser das antigas, pois a platéia ficou alucinada! A quarta música se não me falho a memória foi “Alone Together” quase chorei de tanta emoção! Minha música preferida do novo cd!! O Patrick mandou bensasso ao vivo! Foi simplesmente o máximo!!! Nesse lugar onde eu estava fiquei durante as músicas “Dance, Dance“, ” This Ain’t A Scene…“, “Beat It“, ” Death Valley “, ” Young Volcanoes“, “Sugar We’re Going Down“, I’m Like A Lawyer…“, e mais umas três que eu não conhecia, no entanto fui me sentindo sufocada pois estava ficando mais cheio e com espaço reduzido. Resolvi me afastar um pouco mais, já estava atrás mesmo, não iria modificar muito minha visão, nossa, quando troquei de lugar pude até curtir melhor o show! Se seguiram as músicas ” Just One Yesterday” – onde o Pete pediu que todos ficassem com o celular pra cima durante essa canção – “Thanks For The Memories“, “Save Rock Roll” que é a que eu menos gosto do novo cd, mais umas duas que eu não conhecia e as que eu mais parecia uma louca cantando e pulando: ” I Don’t Care” e “My Songs Know What You Did In The Dark” eu sentia a música dentro de mim! Não queria pensar em mais nada, somente na banda a poucos metros e na música que tocavam! E todo mundo na mesma sintonia, dava pra ouvir a platéia cantando também, foi mágico! Tinha um cara do meu lado que era tão alto que quando eu olhava para o lado e o via pulando parecia que ele ia voar! Kkkkkk.

E o que falar da banda? O Pete era o porta voz, o que mais falava conosco, agora entendi porquê na banda deles, ele que é o baixo, é o principal, e não o vocalista como de costume. Ele interagia demais! Os outros integrantes também conversaram no momento de “apresentar a banda” e até arriscaram umas frases em português ao falarem conosco! Sem contar que ao final das músicas mediante aos nossos aplausos, o Patrick dizia “obrigado” com aquela língua enrolada cheia de sotaque, super fofo! O Pete ficava sensualizando mostrando a linguinha e quase perto do show acabar ficou sem camisa! E inclusive para minha total surpresa, pude ver claramente pelo telão, quando ele pegou nas mãos de algumas pessoas que estavam na grade! Pude ver as pulsseirinhas verde limão de “Pista Premium” nos pulsos das mãos eufóricas estendidas para ele. Quando acabou o show (que foi por volta das 23h00), o Pete jogou para a platéia o pano preto que usou para cobrir o rosto no início do show, e o baterista jogou as paletas também! “Poxa vida, no da Avril eu fui de pista premium e ela não jogou nada pra gente!” pensei indignada! Falando em jogar coisas, quando algum fã, jogava coisas no palco, o Pete agradecia! Achei digno, é assim mesmo que o artista deve tratar seus fãs!!
“Você está pronto para outro poema ruim?
Mais um hino desafinado
Deixe seus dentes afundarem
Lembre-se de mim como eu era não como eu sou”
(Rat a Tat)
Quando eles saíram do palco, fiquei achando que retornariam, igual a Avril fez, mas quando saíram realmente foi pra valer, o local começou a ficar iluminado de novo e as pessoas foram se encaminhando para a saída. Fiquei um pouco desapontada, esperei que acabaria pelo menos às 23:30, mas pelo menos daria tempo de voltar para casa tranquilamente. Já na estação, dava pra reconhecer quem vinha do show, e quando o trem chegou, e entramos, ao olhar em volta todos estavam com cara de acabados.
“Nós vamos morrer
É só uma questão de tempo
Os tempos difíceis chegarão
Os bons tempos irão”
(Death Valley)
Tinha que dividir isso! Pois foi espetacular! 🙂